Autismo – Uma Abordagem em Odontologia

Este artigo foi escrito pela colega e amiga Dra Claudia Barbosa Pereira* atendendo a um pedido meu não só pela importância do tema como pela competente e sempre brilhante abordagem que lhe é característica!
 O atendimento odontológico ao paciente autista sempre foi visto como uma grande dificuldade tanto para os pais e ou responsáveis como para os profissionais.

Considerado como um transtorno global do desenvolvimento, o autismo é marcado por características fundamentais de inabilidade para interagir socialmente, dificuldade no domínio da linguagem para comunicação e um padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

O grau de comprometimento pode variar de quadros mais leves, moderados até quadros mais severos, mas independente de qual seja a intensidade do quadro é importante saber que sempre há uma maneira adequada para se tratar o paciente autista sob o ponto de vista odontológico.

O importante é individualizar cada paciente e conhecer suas limitações, respeitando suas diferenças, seu modo de ser e sempre que possível tentar estabelecer um vínculo. Considerar as diferenças significa: conhecer o grau de severidade do quadro clínico, a idade, as habilidades específicas, o ambiente familiar o ambiente escolar e o ambiente sócio-cultural.

            A primeira visita ao dentista deve ser feita sem receio, cabendo ao profissional saber interpretar a dificuldade do paciente e proporcionar um ambiente agradável e seguro e que essa ação se repita como condicionamento, e que o paciente possa ser recompensado após cada sessão.

 Uma criança pequena muitas vezes não permite a abordagem e o contato do profissional dentista e pode ser segurada pelos pais, é importante que ele saiba e compreenda que o trabalho do profissional vai ser rápido e que não vai lhe causar nenhuma dor física, e isso só será possível se essa situação for de fato vivida pela criança.

O aspecto emocional deve ser sempre valorizado, e a situação ideal seria poder levar o paciente autista desde pequeno ao dentista, mas nem sempre  isso acontece e na maioria das vezes o paciente procura o atendimento só em caso de emergência com dor ou alguma patologia bucal já instalada. Essa situação é muito comum nos consultórios de especialistas na área de atendimento a pacientes com necessidades especiais, e isso torna o atendimento sempre mais difícil para a família e para o próprio paciente que nunca se habituou a essa nova situação e o “novo” para o autista é sempre um grande desafio. As reações que o paciente pode apresentar durante o atendimento odontológico vão depender de como ele próprio sente e consente esse atendimento.

Enquanto profissionais, como saber o nosso limite? Na verdade o nosso limite é o limite do paciente. A situação de dor é sempre mais complexa onde o procedimento é mais invasivo e os sons e ruídos podem provocar no paciente uma incapacidade de colaboração.

A odontologia hoje nos oferece uma gama de opções de tratamento e terapias complementares, mas temos que saber quando a nossa atuação em consultório é limitada.

O atendimento ambulatorial é sempre recomendado, mas as vezes o melhor para o paciente  é o atendimento em ambiente hospitalar, com toda segurança e  depois sim, os pacientes  retornam aos consultórios para  continuarem as consultas de rotina e prevenção.

O sofrimento acentuado com mudanças triviais no aspecto do ambiente deve ser trabalhado para construir junto com o paciente autista uma nova condição que possa fazer parte da rotina dele.


Dicas básicas para um bom atendimento:

1.     Tentar manter o atendimento pelo mesmo profissional

2.    Não mudar o  ambiente odontológico

3.    Obedecer uma rotina pré estabelecida

4.    As mudanças no atendimento devem ocorrer se absolutamente necessárias

5.    Respeitar as considerações e ansiedades da família

6.    Evitar muitos estímulos visuais e auditivos.

 * Dra. Claudia Barbosa Pereira

Mestre em Patologia Bucal- FOUSP

Mestre em Homeopatia – FACIS -IBEHE

Especialista em Patologia Bucal e Pacientes Especiais – FOUSP
http://www.odontopne.com.br/quem-somos/profissionais

 

 

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